Passa de 1.200 número de mortos em terremoto e tsunami na Indonésia
O saldo de mortos
no terremoto e tsunami que atingiram a ilha de Célebes, na Indonésia passa de
1.200. Nesta terça-feira, 2 de outubro as operações de busca prosseguiam e a
polícia tentava evitar os saques. A polícia deu tiros de advertência e usou gás
lacrimogêneo para dispersar as pessoas que saqueavam lojas em Palu, cidade
devastada pelo tremor de 7,5 graus de magnitude e o posterior tsunami de
sexta-feira da semana passada.
Os sobreviventes
lutam contra a fome e a sede. Os hospitais estão saturados com o grande número
de feridos. O balanço oficial chegou a 1.234 mortos, anunciou o governo nesta
terça.
Cenas de desespero
A polícia, que até
agora havia tolerado que sobreviventes desesperados entrassem em mercados
fechados para pegar comida e água, prendeu 35 pessoas pelo roubo de
computadores e dinheiro.
"No primeiro e
segundo dia não havia estabelecimentos abertos. As pessoas estavam com fome,
algumas realmente necessitadas. Isto não é um problema", disse o
vice-comandante da polícia nacional, Ari Dono Sukmanto.
"Mas depois do
segundo dia, os alimentos começaram a chegar, precisam apenas de distribuição.
Agora estamos restabelecendo a lei", completou.
O desespero é
visível nas ruas de Palu, onde os sobreviventes escalam as montanhas de
destroços para procurar objetos.
Outros se reúnem
nas proximidades dos poucos edifícios com energia elétrica ou entram em filas
para receber água, dinheiro ou combustível, observados por policiais armados.
"O governo, o
presidente, todos vieram, mas o que realmente precisamos é de comida e
água", disse à AFP Burhanuddin Aid Masse, de 48 anos.
As equipes de
emergência não têm equipamentos suficientes e os trabalhos são dificultados
pelas estradas bloqueadas e os danos nas infraestruturas. Além disso, nesta
terça-feira o país registrou dois tremores na costa, mas a centenas de
quilômetros de Palu.
O exército lidera
os trabalhos de resgate, mas após um pedido do presidente, Joko Widobo, ONGs
internacionais também enviaram equipes à região.
Entre os mortos
estão vários estudantes que tiveram os corpos retirados dos escombros de uma
igreja. "A equipe (de socorristas) encontrou 34 corpos no total",
declarou à AFP Aulia Arriani, porta-voz da Cruz Vermelha local.
Inicialmente, 86
jovens que participavam de um retiro para o estudo da Bíblia no Centro de
Formação da Igreja de Jonoonge foram declarados desaparecidos. As autoridades
não revelaram a idade das vítimas.
O distrito
montanhoso de Siri Biromaru, ao sudeste de Palu, é de difícil acesso e as
equipes de emergência precisam caminhar para tentar resgatar as vítimas. A
Indonésia é o país muçulmano de maior população do mundo, mas também possui
minorias religiosas, como os cristãos, entre os 260 milhões de habitantes.
O Escritório para a
Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU calcula que 191.000 pessoas
precisam de ajuda humanitária de emergência, incluindo 46.000 crianças e 14.000
idosos.
A catástrofe que
atingiu a cidade de Palu, onde moram 350.000 pessoas, também deixou 61.867
desabrigados.
Os mortos - muitos
deles ainda não registrados e com seus corpos ainda nos escombros - preocupam
as autoridades. O clima na Indonésia acelera a decomposição dos corpos, um
grave risco sanitário.
Para evitar um
cenário ainda pior, grupos de voluntários começaram a enterrar as vítimas em
uma grande fossa comum em Poboya, nas colinas que cercam Palu, com capacidade
para 1.300 corpos. Caminhões lotados de cadáveres chegam ao local para os
enterros em massa.
Ao mesmo tempo, as
equipes de resgate lutam contra o tempo para tentar encontrar sobreviventes
entre os escombros. Apenas no hotel de Roa Roa, os socorristas acreditam que
entre 50 e 60 pessoas podem estar presas nos destroços. Até o momento apenas
duas foram resgatadas.
Muitas pessoas passaram
os últimos dias em busca de informações sobre parentes, nos hospitais e
necrotérios improvisados.
A Indonésia, um
arquipélago de 17.000 ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países
do mundo mais propensos a sofrer desastres naturais.
Fonte: AFP