Bahia: Pastor acusado de matar evangélicas a pedradas se entrega à polícia
O pastor Edimar da Silva Brito, 39,
acusado de matar a pedradas duas evangélicas em janeiro de 2016, em
Vitória da Conquista (sudoeste da Bahia), se entregou a Polícia Civil nesta
segunda-feira (25). De acordo com o delegado Marcus Vinícius de Morais, da
Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, o pastor se entregou na 6º
Coordenadoria de Polícia do Interior (Corpin) de Itabuna, no sul do estado.
“Ele
sabia que o cerco estava se fechando e se adiantou”, disse o delegado, segundo
o qual a polícia já tinha informações de onde ele estava escondido e planejava
realizar uma operação para prendê-lo.
Edimar da
Silva Brito estava foragido desde o dia 15 de junho, quando o juiz da Vara do
Júri e Execuções Penais de Vitória da Conquista, Reno Viana
Soares sentenciou mais uma vez o pastor e os comparsas Fábio de Jesus
Santos, 36, Adriano Silva dos Santos, 38, deveriam ser levados a Júri Popular
pelo crime de duplo homicídio qualificado.
As
vítimas do crime são a pastora Marcilene Oliveira Sampaio, 38, e a prima dela,
Ana Cristina Santos Sampaio, 37. Marcilene era professora universitária no
campus da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) de Brumado (vizinha a Vitória
da Conquista) e bastante conhecida no meio acadêmico.
O duplo
homicídio ocorreu por motivo de vingança contra a pastora, segundo apuração da
Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia. Marcilene e Edimar eram de uma
mesma igreja, mas se desentenderam e a pastora saiu, levando com ela vários
fiéis, o que resultou em perca de receita financeira para Edimar.
A mesma
sentença determinou também a prisão preventiva dos três acusados. Adriano foi
preso com Fábio três dias após a sentença. No dia 21, porém, Fábio conseguiu
uma liminar do Tribunal de Justiça da Bahia, dada pelo desembargador Nilson
Castelo Branco, que lhe concedeu a soltura.
Edimar
estava solto desde 20 de junho de 2017, e segundo fontes do judiciário local,
assim como ocorreu com Fábio, ele deve ganhar a liberdade nos próximos dias,
num vai-e-vem judicial que só tem atrasado a finalização do processo.
Esta é a
segunda vez que a Justiça sentencia os acusados a irem a Júri Popular. Adriano,
o único que não recorreu da sentença, foi condenado a 30 anos de prisão em
outubro de 2016, mas em dezembro de 2017 o desembargador Nilson Castelo Branco
determinou a nulidade total da sentença de pronúncia do juiz Reno Viana Soares.
A
alegação da defesa dos acusados, e que foi acatada por Castelo Branco, é a de
cerceamento de defesa dos réus pelo fato de o juiz Reno Viana Soares ter negado
pedidos de reconstituição do crime. Com isso, o processo voltou para a primeira
instância, tendo o juiz dado a mesma sentença de pronúncia sem permitir a
reconstituição do crime.
Tanto o
juiz do caso quanto o promotor José Junseira Almdeira de Oliveira, que faz as
acusações, são contra a reconstituição do crime – pedida apenas pela defesa de
um dos réus – porque acreditam que servirá apenas para atrasar o processo. O
problema é que a própria negativa à reconstituição faz caminho semelhante.
Crime de vingança
No crime, ocorrido por volta das 23h de 19 de
janeiro de 2016, o pastor Carlos Eduardo, esposo da pastora Marcilene, seguia
com ela e Ana Cristina para casa, depois de terem participado de um culto
evangélico.
O casal
de pastores morava num sítio próximo a Vitória da Conquista e foi perseguido,
segundo a polícia, por Edimar e os comparsas com o objetivo de matar Carlos
Eduardo e Marcilene.
No
caminho de volta, a picape L200 de Carlos Eduardo teve um problema, o que o fez
parar na estrada, momento em que os ocupantes do veículo foram abordados por
Edmar e os demais – Fábio usava um revólver que pertencia a Adriano.
O pastor
Carlos Eduardo foi colocado no veículo usado pelo trio, um Versa banco, e as
mulheres foram mortas a golpes de pedra dados por Edmar, segundo relataram
Fábio e Adriano em depoimento à polícia.
Após as
mulheres serem mortas, o pastor Edmar e Fábio entraram no veículo usado no
crime junto com Carlos Eduardo, que passou a sofrer uma série de espancamentos.
O rosto da vítima ficou ensanguentado.
Os
criminosos seguiam com ele de volta para Vitória da Conquista, quando a vítima
tomou o volante e provocou um acidente com outro carro, que trafegava na
direção oposta.
Após a
batida, Edmar e Fábio fugiram, tendo este sido localizado pela polícia momentos
depois. Carlos Eduardo procurou ajuda com as pessoas que estavam no outro carro
que colidiu com o dele.
Já
Adriano, o outro comparsa, seguiu com a picape dos pastores para uma área rural
para tentar esconder o veículo, tendo sido preso na manhã seguinte ao crime, e
a picape, recuperada. O pastor Edimar permaneceu foragido por sete dias após o
crime, até ser localizado numa fazenda em Ibicuí, sudoeste da Bahia. Ele sempre
negou as acusações de ter sido o autor dos crimes.
Fonte:
Correios*